Mercado Financeiro

Montanha-Russa e os pássaros do mercado

Idania
17 de maio de 2022

Que o mercado financeiro é cíclico, todos já sabem. Sentimos na pele e, às vezes, até com certo frio na barriga os altos e baixos da economia. Paradoxalmente, a única coisa fixa é a movimentação. Só ela é constante, economicamente falando ou estamos contraindo ou expandido. Mas afinal, nessa montanha russa, o carrinho brasileiro está subindo ou descendo?

De fato, apesar de sentir as mudanças, as vezes é difícil para o investidor enxergá-las acontecendo para se antecipar de alguma forma ao próximo movimento. Quando se está dentro do vagão, ao se olhar para os próprios pés, parecemos estar parados. O que não é verdade para um observador externo ao trem. Tudo depende do ponto de vista do observador.

Recentemente temos visto os bancos centrais falando bastante em postura “hawkish” e “dovish” quando se fala em política monetária, por exemplo. Essas nomenclaturas são uma analogia ao comportamento das aves. Em inglês hawk (falcão) e dove (pomba). O falcão é uma ave de caça, já a pomba é geralmente associada à paz. Basicamente, uma postura “hawkish” significa que o banco central de um país defende juros mais altos e um maior controle fiscal e inflacionário, enquanto a “dovish” sinaliza uma tendência a juros mais baixos e política de expansão monetária. No exterior, já estimamos uma postura mais hawkish.

E no Brasil, também! Desde março desse ano o falcão apareceu novamente. E tem voado cada vez mais alto, o que é super esperado quando se tem uma inflação batendo 2 dígitos e precisa-se ancorá-la dentro das metas. Ficamos mais de 5 anos vendo a taxa básica de juros cair ou no mínimo se manter. O aperto monetário agora é justificável, mas a consequência natural é uma freada no vagão do PIB. Para 2022 alguns analistas projetam um PIB sem crescimento (0%). Outro desafio para o ano que vem é assegurar a credibilidade da sustentabilidade da dívida pública no meio de um processo eleitoral. São desafios amplificados pelo cenário internacional não tão favorável.

Boa parte dos ajustes (até onde a vista alcança) já parece estar no preço. Contudo, uma normalização mais rápida das taxas de juros globais atinge mais forte os emergentes que ainda não fizeram o dever de casa. O Brasil ainda não fez toda tarefa. Deve fazer, como sempre, no último minuto. Assim, em 2022 devemos ter uma inflação mais sob controle e com uma perspectiva de reancoragem fiscal pelo próximo governo eleito.

Nessa montanha-russa o vagão brasileiro segue, como sempre, proporcionando emoções. No momento não podemos afirmar que estamos na tranquilidade da subida, tampouco no pavor da trajetória de descida. Com certeza as “curvas” – de juros – recentes, tem dado a mesma sensação de medo que sentimos quando estamos em descida. Para 2022, apesar do provável sobe e desce (volatilidade) na primeira metade do ano, a segunda metade pode trazer boas notícias. Quem sabe a pomba da paz reapareça. Enfim, esses acontecimentos sempre trazem oportunidades. Melhor estarmos sempre atentos para o sobe, desce e, também, para as curvas. Seja curva para direita ou para a esquerda. Há quem se divirta com montanha-russa.

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